Certamente o melhor casal da literatura, e também uma das melhores duplas literárias já feitas, Riobaldo e Diadorim retratam o amor e parceria em maneira mais profunda, tanto na sua profundidade quanto nas aparentes aparências. Vivendo em um universo profundamente machista, dos jagunços sertanejos, fez com que Maria Deodorina da Fé Bittencourt Marins tivesse de travestir sua própria identidade para se passar como um homem, os que seriam aceitos no bando. Filha de um dos chefes jagunços, Joca Ramiro, foi por ele criada para esta função, mas sempre disfarçada de homem para poder agir com os outros. Usando primeiro o nome de Reinaldo, depois de Diadorim.
Conhecendo Riobaldo com quatorze anos, se apresentando como Reinaldo. Reencontram-se anos depois, já adultos, quando Riobaldo entra no bando de Joca Ramiro. Ali conseguem formar uma forte conexão, com Riobaldo nutrindo um profundo desejo e amor por aquela que pensa ser um homem. Isso lhe causa uma grande estranheza e desconfiança, pois tal coisa o faria ser homossexual, algo inadmissível para ele e os outros na volta. Dentro disto, fica-se doendo e sentindo todas as sensações envolvidas, com todas suas angústias, aparências e medos. Também por ser ele uma figura mais falha, não um valente e imparável herói como os gregos, mas sim alguém que questiona e não vai com tanta força.
Posteriormente, quando Joca Ramiro é assassinado por Hermógenes e Ricardão, uma parte do bando deserta e outra juram vingança pela morte do antigo líder. A pessoa que mais profundamente acaba querendo tal vingança é Diadorim, por ser seu pai. A saga por tal vingança prossegue ao longo do livro, com Riobaldo sentindo os desejos dele por ela, pensando ser ele. Tem momentos de coragem, às vezes falhando. Mas no final, quando Diadorim mata Hermógenes e acaba morrendo junto, é despida e Riobaldo descobre ser uma mulher, mudando tudo que pensava até então.
Riobaldo foi alguém que teve uma forte e bela parceria para com Diadorim, sentindo os mais profundos desejos. O que pensava ser desejo por homem era, em verdade, um profundo desejo pelo feminino, pela mulher que estava nas roupas de Diadorim, em toda aquela composição. Era um desejo por ela, manifesta na forma dela de ser. Todas as coisas ocultas e desejos presentes estavam, em final, ligado a uma mulher aguerrida e também bastante carinhosa. A dupla formava um forte desejo e conexão, que acabou interrompida pela morte dela. O que torna tal dupla tal grandiosa é que apesar do travestismo de Diadorim eram em profundo um com o outro, tendo assim a forte ligação entre eles, ainda mais em tempo de guerra. O que lhes torna o mais belo e complexo casal da literatura. Um profundo mostrar do masculino e feminino, presente e oscilante nos dois.
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