A recente tentativa do governo Lula de monitorar transferências via PIX acima de R$ 5 mil mensais acendeu um alerta. Embora vendida como uma medida para combater grandes sonegadores, a ação mirava, na realidade, na imensa maioria dos trabalhadores informais que sustentam suas famílias com muita luta.
Há algo de peculiarmente cruel na ideia de um governo que, diante de um rombo fiscal evidente, decide buscar recursos onde eles quase não existem: nos bolsos do trabalhador comum. A proposta de monitorar transferências acima de R$ 5 mil via PIX foi apresentada como uma medida para combater sonegadores. Uma estratégia que, à primeira vista, parecia ética e necessária. Afinal, quem não quer ver grandes fraudadores sendo punidos?
Mas, como dizem por aí, o diabo mora nos detalhes. E os detalhes, neste caso, apontavam para um foco muito mais amplo (e cruel): trabalhadores informais e pequenos empreendedores que movimentam pequenas quantias ao longo do mês. A conta foi simples: se não dá para arrancar muito dos grandes, o jeito é tirar um pouquinho de cada um que rala para sobreviver.
É difícil não enxergar aí um paralelo com a fome voraz de recursos que tem assolado o governo Lula e sua equipe econômica, capitaneada por Fernando Haddad. O rombo nas contas públicas, fruto de gestões generosas e promessas caras, não pode mais ser ignorado. E, como bons administradores que são, a solução encontrada foi explorar quem não tem como fugir: o trabalhador comum.
O governo subestimou, porém, a reação. Quando as primeiras críticas surgiram, vindas não apenas da oposição, mas também da população que percebeu o golpe, a narrativa desabou. A tentativa de vender o projeto como um combate aos "grandes sonegadores" revelou-se uma cortina de fumaça. O que se viu foi uma sociedade indignada com a possibilidade de ser ainda mais onerada para financiar os desmandos de um governo que insiste em viver acima de suas possibilidades.
O trabalhador informal é, em grande parte, fruto da precarização do mercado formal e da falta de políticas que incentivem a geração de empregos dignos. Esse trabalhador, que já paga impostos embutidos em tudo o que consome, viu na facilidade do PIX uma forma de sobreviver à burocracia. E agora, até isso parece ser ameaçado.
Se a intenção fosse realmente combater grandes sonegadores, haveria muitas outras frentes a explorar. Grandes empresas que manipulam cifras bilionárias, laranjas que operam esquemas escusos e setores privilegiados que seguem intocáveis estão por aí, à espera de uma fiscalização mais incisiva. Mas esses não foram alvos. Por quê? Talvez porque o caminho mais fácil é sempre mirar nos mais vulneráveis.
A intenção do governo foi clara: cobrir seus erros e rombos com o suor de quem já carrega o país nas costas. Mas o que era para ser mais uma medida silenciosa e tecnocrática encontrou uma população cansada e disposta a questionar. Resta saber se essa mesma população manterá a resistência diante das próximas tentativas de tirar mais de quem já tem tão pouco.
No fim, a história é a mesma de sempre: quem deveria pagar não paga, e quem já paga demais segue sendo espremido. Se a ideia era aumentar a arrecadação, que tal comecem onde está o verdadeiro dinheiro? Por enquanto, o PIX segue como ferramenta essencial para muitos brasileiros.