Em 24 de janeiro de 2018, o Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) confirmava a condenação de Luiz Inácio Lula da Silva por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do tríplex do Guarujá, ampliando sua pena para 12 anos e um mês de prisão. No entanto, uma "manobra" surpreendente do Supremo Tribunal Federal (STF) anos depois descondenou o petista, garantindo-lhe o caminho para voltar ao Palácio do Planalto, enquanto seus opositores ainda questionam a decisão.
Sete anos atrás, a decisão do TRF-4 foi recebida como um marco jurídico. Era a primeira vez que um ex-presidente brasileiro, ícone da classe trabalhadora e símbolo de um dos partidos mais populares da história do país, enfrentava um veredito tão pesado. A acusação girava em torno de benefícios indevidos recebidos por meio de reformas no famoso tríplex do Guarujá, custeadas por empreiteiras envolvidas na Operação Lava Jato.
Lula negou as acusações à época, argumentando ser alvo de uma perseguição política e jurídica. Contudo, a confirmação da condenação foi vista como um golpe duro para sua imagem e carreira política. Com isso, sua prisão em abril de 2018 simbolizou, para muitos, o auge de uma Operação Lava Jato que se apresentava como implacável na luta contra a corrupção.
Mas, como dizem por aí, a política é uma roda que não para de girar. Após 580 dias preso, o petista foi solto em 2019, e o jogo virou de vez em 2021, quando o STF anulou suas condenações, em uma decisão ainda considerada polêmica. A justificativa? Falhas processuais e incompetência da Vara Federal de Curitiba para julgar os casos de Lula. A medida, apelidada ironicamente por adversários como “a manobra do século”, não apenas livrou o ex-presidente das acusações, como reacendeu sua elegibilidade, mudando o rumo das eleições de 2022.
A descondenação de Lula, vista por críticos como uma articulação jurídica e política sem precedentes, é tratada como um divisor de águas no cenário nacional. De um lado, admiradores do petista celebram o que chamam de reparação histórica. De outro, opositores questionam a legitimidade da decisão, apontando para uma possível interferência política no Judiciário, especialmente em um momento em que Jair Bolsonaro despontava como o principal nome da direita brasileira.
Hoje, o Brasil segue polarizado. De um lado, o governo Lula 3.0 tenta se firmar em meio a um ambiente econômico e político desafiador. Do outro, os opositores, liderados por Bolsonaro, seguem martelando o passado do petista, questionando o legado da Lava Jato e a decisão do STF. Para além das paixões políticas, a descondenação de Lula permanece como um tema de debate sobre os limites entre justiça e política, uma equação que ainda não encontrou um ponto de equilíbrio.
Sete anos depois, a pergunta que fica é: o caso do tríplex e suas repercussões foram um capítulo encerrado ou apenas mais um volume de uma saga política interminável? Se depender do clima no país, essa novela ainda terá muitos episódios pela frente.