Jornal da 2CNews

Quarta-feira, 12 de Fevereiro de 2025

Justiça

Condenado, descondenado e presidente: Sete anos de um capítulo inesquecível da política brasileira

De condenado a descondenado, a trajetória jurídica de Lula segue sendo pauta controversa, especialmente diante da polarização

Claudio Campos
Por Claudio Campos
Condenado, descondenado e presidente: Sete anos de um capítulo inesquecível da política brasileira
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Em 24 de janeiro de 2018, o Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) confirmava a condenação de Luiz Inácio Lula da Silva por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do tríplex do Guarujá, ampliando sua pena para 12 anos e um mês de prisão. No entanto, uma "manobra" surpreendente do Supremo Tribunal Federal (STF) anos depois descondenou o petista, garantindo-lhe o caminho para voltar ao Palácio do Planalto, enquanto seus opositores ainda questionam a decisão.

Sete anos atrás, a decisão do TRF-4 foi recebida como um marco jurídico. Era a primeira vez que um ex-presidente brasileiro, ícone da classe trabalhadora e símbolo de um dos partidos mais populares da história do país, enfrentava um veredito tão pesado. A acusação girava em torno de benefícios indevidos recebidos por meio de reformas no famoso tríplex do Guarujá, custeadas por empreiteiras envolvidas na Operação Lava Jato.

Lula negou as acusações à época, argumentando ser alvo de uma perseguição política e jurídica. Contudo, a confirmação da condenação foi vista como um golpe duro para sua imagem e carreira política. Com isso, sua prisão em abril de 2018 simbolizou, para muitos, o auge de uma Operação Lava Jato que se apresentava como implacável na luta contra a corrupção.

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Mas, como dizem por aí, a política é uma roda que não para de girar. Após 580 dias preso, o petista foi solto em 2019, e o jogo virou de vez em 2021, quando o STF anulou suas condenações, em uma decisão ainda considerada polêmica. A justificativa? Falhas processuais e incompetência da Vara Federal de Curitiba para julgar os casos de Lula. A medida, apelidada ironicamente por adversários como “a manobra do século”, não apenas livrou o ex-presidente das acusações, como reacendeu sua elegibilidade, mudando o rumo das eleições de 2022.

A descondenação de Lula, vista por críticos como uma articulação jurídica e política sem precedentes, é tratada como um divisor de águas no cenário nacional. De um lado, admiradores do petista celebram o que chamam de reparação histórica. De outro, opositores questionam a legitimidade da decisão, apontando para uma possível interferência política no Judiciário, especialmente em um momento em que Jair Bolsonaro despontava como o principal nome da direita brasileira.

Hoje, o Brasil segue polarizado. De um lado, o governo Lula 3.0 tenta se firmar em meio a um ambiente econômico e político desafiador. Do outro, os opositores, liderados por Bolsonaro, seguem martelando o passado do petista, questionando o legado da Lava Jato e a decisão do STF. Para além das paixões políticas, a descondenação de Lula permanece como um tema de debate sobre os limites entre justiça e política, uma equação que ainda não encontrou um ponto de equilíbrio.

Sete anos depois, a pergunta que fica é: o caso do tríplex e suas repercussões foram um capítulo encerrado ou apenas mais um volume de uma saga política interminável? Se depender do clima no país, essa novela ainda terá muitos episódios pela frente.

 

Claudio Campos

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Claudio Campos

Claudio Campos é jornalista com registro MTB/Fenaj 2993-DF desde 12 de fevereiro de 2003. Apartidarismo, imparcialidade crítica e independência jornalística são preceitos básicos que norteiam sua conduta profissional e pessoal

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