Enquanto o Brasil enfrenta um cenário de inflação galopante, com preços subindo mais rápido que foguete de programa espacial, a elite governamental parece viver num universo paralelo. O trabalhador rala para pagar o arroz e o feijão — quando consegue —, mas para a cúpula no poder, está tudo ótimo. Afinal, quando se tem um tapete vermelho de privilégios, o preço do pãozinho não incomoda.
O mais novo episódio da série "Brasil, o País da Ironia" vem com um enredo de cair o queixo: um evento milionário organizado pelo Grupo Prerrogativas para a senhora Rosângela da Silva, mais conhecida como Janja, a "primeira-dama" do Brasil. Sim, aquela mesma que nunca precisou disputar um voto sequer, mas que ostenta uma influência digna de uma imperatriz. A pergunta que não quer calar: quem deu tanta moral para Janja?
O trabalhador brasileiro, cansado de remar contra a maré, assiste de camarote (sem pipoca, porque está caro demais) ao desfile de luxo dessa turma. Com ministros, juízes e artistas de cachês estratosféricos no rol de convidados VIP, a festa virou símbolo de um governo que prefere brindar ao sucesso próprio enquanto o povo amarga derrotas diárias no supermercado. Saúde? Educação? Transporte? São só palavras bonitas em discursos políticos, porque, na prática, o custo disso tudo pesa no bolso do povo — que já está furado.
E Janja, essa figura quase mítica, segue incólume. Enquanto o brasileiro conta moedas, ela desfila com um orçamento digno de conto de fadas. Por que tanta pompa para alguém que sequer ocupa um cargo público oficial? E por que tanto silêncio cúmplice daqueles que deveriam fiscalizar essa farra? Parece que a receita é simples: faça parte do clube certo e o céu (ou o cofre público) é o limite.
A questão central vai muito além do evento de gala. É sobre o simbolismo de um governo que, na teoria, se diz popular, mas que, na prática, vive num castelo de privilégios, distante anos-luz das ruas. Enquanto Janja "esbanja", o povo se esconde atrás de promoções, tentações de crediário e, às vezes, até do próprio desespero.
O Brasil merece respostas. Quem banca esses eventos nababescos? De onde sai tanto dinheiro enquanto o povo passa sufoco? Até quando a política será palco para espetáculos de cinismo, regados a champanhe e hipocrisia? Afinal, governar um país deveria ser sobre servir ao povo, não transformar o Palácio do Planalto em cenário de novela de luxo.