Inelegível até 2030 por decisão do STJ, José Roberto Arruda (PL) voltou ao centro das atenções nesta semana, não por propostas ou articulações políticas, mas por uma publicação inflamável nas redes sociais. No que aliados de Ibaneis Rocha (MDB) classificaram como puro desespero, Arruda partiu para o ataque pessoal, chamando o governador de “feio por fora e por dentro”.
A tentativa de retorno à cena política por parte de José Roberto Arruda esbarrou em mais um revés jurídico: o Superior Tribunal de Justiça manteve, por unanimidade, sua inelegibilidade por oito anos, por conta de condenações relacionadas à Operação Caixa de Pandora. A resposta do ex-governador foi imediata — e virulenta.
Em postagens que viralizaram nas redes, Arruda no desespero chama Ibaneis de “feio por fora e por dentro” e insinua que o atual governador teria articulado com o Judiciário para barrar sua candidatura nas eleições de 2026. As publicações foram acompanhadas por montagens com tons caricaturais e frases que soaram mais como desabafo do que estratégia de comunicação.
A repercussão foi rápida. A assessoria de Ibaneis Rocha reagiu, classificando os ataques como “desespero de um político derrotado” e sinalizou que pode recorrer à Justiça por injúria e difamação, com base no artigo 140 do Código Penal.
A vice-governadora Celina Leão (PP), hoje liderando as intenções de voto com 28%, não poupou críticas ao ex-governador:
“Política se faz com propostas, não com ofensas pessoais. Arruda mostra por que foi cassado e por que o povo rejeita seu retorno”, disparou Celina, que já aparece como nome natural à sucessão de Ibaneis.
A decisão judicial que derrubou a última esperança de Arruda consta em acórdão publicado nesta semana. O STJ rejeitou recurso do político contra uma condenação por improbidade administrativa ligada a um esquema que desviou cerca de R$ 900 milhões em contratos de publicidade e informática entre 2007 e 2010.
A Operação Caixa de Pandora, desencadeada em 2009, resultou não apenas na cassação do então governador, mas em sua suspensão de direitos políticos até 2030, mesmo com a flexibilização promovida pela nova redação da Lei da Ficha Limpa em 2023.
Antes do novo baque jurídico, Arruda ainda figurava com 14% nas intenções de voto nas pesquisas Ipespe, empatado com Fred Linhares e Leandro Grass. Agora, sua situação se complica. A tentativa de mobilizar a base bolsonarista por meio de ataques a Ibaneis não só não convenceu, como gerou desconforto até entre seus próprios aliados.
O deputado distrital Roosevelt Vilela (PL), por exemplo, preferiu tomar distância:
“Respeito Arruda, mas ofensas não ajudam ninguém. Precisamos de diálogo, não de baixarias.”
Enquanto Arruda coleciona derrotas na Justiça e rejeição nas redes, Ibaneis goza de 60,2% de aprovação e é cotado para disputar uma vaga ao Senado. Celina, por sua vez, caminha firme como sucessora natural, fortalecida justamente pela ausência de concorrentes viáveis no campo conservador.
Arruda, mais uma vez, escolheu o confronto direto e a vitimização como tática — mas, diante dos fatos, a narrativa do perseguido começa a soar repetitiva até para seus antigos entusiastas.