Como parte do processo de socialização e de aprendizado, a educação torna-se algo fundamental. Usando a educação formal como base, na qual há uma preparação do indivíduo para a vida social futuramente, nela se dá um delicado e importante processo que perpassa tudo aquilo que poderá este ser e conhecer. Naturalmente há muitas coisas da vida que não se aprende na escola, mas esta pode melhorar e reforçar. O processo educacional é uma dialética entre a preparação social, a socialização do indivíduo em alguns sentidos, e o seu conhecimento, sua formação enquanto pessoa.
Émile Durkheim, pensando a sociedade como um organismo vivo e regido pelas suas próprias características coletivas, via a educação em importância especialmente para garantir um bom processo de inclusão social e capacitação do indivíduo para este formato. Há outros pensadores mais antigos, como Montaigne, que valorizavam a chamada cabeça bem feita, no qual a educação precisa sensibilizar para conhecer, fazer com que o indivíduo saiba absorver as informações e conhecimentos que lhe sejam mais importantes, lhes tragam mais coisas boas.
Grandes educadores nesta linha, como John Dewey, Paulo Freire e Edith Stein também trazem, cada qual a sua maneira a questão da formação do indivíduo, do alcance da educação como um processo de conhecer, quase de libertar. Principalmente Dewey e Freire trazem ambos com bastante força a dimensão do conhecimento como algo capaz de libertar a pessoa, que ela saiba sobre as coisas e construa suas visões. Ambos fazem uma crítica muito forte aos modelos educacionais atuais que é, nas palavras de Paulo Freire, uma educação bancária. Que está muito mais focada em acumular e socar noções de conhecimento nas mentes de alunos, como se fosse um valor no banco, do que propriamente mostrar o valor destes conhecimentos, suas essências.
Na atualidade, retomando a visão educacional de Durkheim na qual a educação é um elemento de socialização e preparação, a educação bancária é algo que se encaixa e serve muito bem para isto, pois se foca em que o aluno acumule informações, mais do que as entende ou compreende, para que possa responder perguntas no ENEM ou no vestibular e assim ter ingresso em alguma universidade. Mantendo assim uma educação bancária e utilitária.
Ainda que seja essencialmente uma dialética entre a socialização do indivíduo e os seus conhecimentos individuais, mostra-se o modelo educacional muito mais voltado para esta socialização, sem ter a libertação e os conhecimentos pessoais. Estes podem acabar vindos como alguma consequência, dependendo do tipo de atenção que recebem determinados indivíduos no processo educacional. Também há muitas nuances políticas, como garantir que ricos e pobres tenham uma qualidade de educação diferente, já que são preparados para funções diferentes, socialmente falando.
Neste sentido, muito também voltado para pensar o processo de formação individual, entra o conceito fundamental de Edith Stein a respeito da formação do ser humano integral, que seja uma integração de todas suas partes, religiosa, espiritual, mental, corporal. Bem como uma completa e complexa relação com o universo. Nisto, de se formar o ser humano integral se entra com todo o aspecto de ser um ser completo, em todas suas múltiplas facetas e se viver plenamente. Que é o ápice da educação e da formação, permitindo ao cidadão quese atinja tudo aquilo que se pode ser. Ainda que a socialização seja parte da vida, para que se permita uma boa coletividade, baseada o máximo possível na coesão e não coerção social, esta se tornará melhor ao garantir a emancipação individual e assim dar a maior coesão possível nas relações.
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