Como a principal forma de organização, envolvendo meios e modos de produção, para o fazer das coisas existentes, são as relações de trabalho algo um tanto quanto profundo. Mexe com as pessoas das mais diversas maneiras, as envolvendo igualmente de várias formas. São feitas essencialmente em cima de um projeto, de um contrato feito para realizar um determinado serviço por sobre algum empreendimento, alguma forma de um determinando trabalho.
São já coisas muito antigas, tendo tido sempre alguma organização e divisão do trabalho. O jeito delas de ser já adquiriram as mais diversas formas, baseadas nos meios e modos de produção de suas épocas. Desde relações feudais, servis, mercantis, até as relações capitalistas, que estão ainda em vigor, tendo se estabelecido no século XIX. Ainda que enquanto classe seja a burguesia mais antiga que isto, é nesta relação que de fato se torna a classe operante. O estilo de vida burguês passa a ser o preponderante para a sociedade, sendo base para burgueses e não burgueses.
A organização social do trabalho nestas relações, que conta com as maiores divisões do trabalho já feitas, também ajudou a criar elas em níveis mais atômicas, praticamente atomizando o trabalho. As relações nunca foram propriamente algo bom e justo, em várias épocas se observando diversos problemas e injustiças na organização e divisão do trabalho, concentrando a produção nas mãos de alguns poucos e deixando pouco do produzido a muitos. Senhores feudais, nobres e burgueses se beneficiaram de suas respectivas organizações e relações de trabalho. Isto revela uma forte dimensão não apenas da divisão do trabalho, a qual tem fatores de desigualdade, mas não está só nela, mas também da própria organização humana. Que em suas formas conhecidas mais diversas passou por diversos problemas, tendo também várias modificações.
Em si, elas não são estáticas, muito menos imutáveis. São mudadas ao longo do tempo, algumas mudanças sendo mais bruscas do que outras. A raiz mais profunda dela talvez seja a própria necessidade humana de se organizar socialmente e de produzir coisas para si, de maneira injusta e desigual, porém produzindo. Naturalmente pode ser questionado o quanto tais produções de fato são voltadas para um bem comum e sim para uma coisa pessoal, um interesse voltado para si.
Pois embora se vive em sociedades e haja uma interdependência entre as pessoas, normalmente muitas vezes a prioridade é a si mesmo ou aos seus próximos. Claro que, estruturalmente falando, é algo bem menos perceptível pelos indivíduos, uma vez que nascidos em uma determina cultura e sociedade tem sua vida por ela montada, sendo inserido naquelas relações sociais. Então se cresce com isso em sua volta, muito daquilo absorvendo de uma maneira ou de outra. E assim também é com as relações de trabalho, as quais estão diretamente ligadas com as formas sociais de suas respectivas sociedades.
Nisto, tal processo de muitas vezes focar em si faz com que hajam vários e difusos interesses socais. Se ainda não temos uma vontade geral, em sentido rousseauniano, que possa gerar uma orientação e melhoria comuns, podemos identificar relações e processos capaz de se produzir algumas melhorias. Nas relações de trabalho acontece isto com bastante força. Talvez onde haja isso mais fortemente. Pois onde ali reside com maior força e de forma direta algumas das bases da organização social, onde muitas das demandas são feitas. E são o funcionamento da sociedade, a maneira como esta se gere e se perpetua, tendo as definidas relações. São até hoje feitas de forma ruim e desigual, mas não precisam ser assim. Com mais mecanismos, regulamentações e uma profunda reorganização das relações e da divisão do trabalho se tornará possível novas formas e organizações de trabalho. Que será necessário para um melhor e mais equalitário mundo.
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