Tendo sido recentemente descoberto pela Polícia Federal um plano de 2022 para assassinar o então presidente eleito Lula, o vice Alckmin e o ministro do STF Alexandre de Morais, mostra-se o cenário e o clima do Brasil que estamos. Quando, no pós ditadura, tivemos a promulgação da Constituição de 1988, a Cidadã, tivemos um período de considerável jogo democrático. As classes dominantes mantiveram seu poder e influência na base do lobby e do domínio político econômico como sempre, mas a população e vários setores tinham mais simpatia pelos projetos sociais e pelo jogo institucional. Pelo menos, mesmo tendo alguns períodos de direita, havia um consenso social e maior sobre manter tais formas, ter maior força institucional e não engrandecer o golpismo da ditadura.
Agora, da queda da Dilma para cá, tendo sido criado o caldo um pouco antes com as Jornadas de 2013. Embora não tenha surgido como um movimento antipetista, antipetismo que depois escalaria para um antidemocrático violento, tendo um auge em oito de janeiro de 2023 e agora uma revelação bombástica, temos aqui mais detalhes sobre o atual cenário brasileiro. A retórica bolsonarista, retomando um saudosismo a ditadura, pensamentos e sentimentos brasileiros há muito enfraquecidos e um aceno para vários governos da extrema direita pelo mundo já davam fortes indícios disso, explicitados no dia em que tentaram derrubar o governo eleito de Lula e agora ainda mais com a revelação do plano de assassiná-lo em 2022. Tivemos uma situação também bastante sintomática com o homem bomba de Brasília, conhecido como tio França, que se explodiu abraço a elas na frente do Congresso Nacional.
Mais uma vez o planejamento estava junto do ajudante de ordens de Bolsonaro, coronel Mauro Cid. A partir de arquivos que este tinha apagado foi descoberto um planejamento do então presidente Jair Bolsonaro com o exército e um grupo conhecido como kids pretos para cometer tal assassinato. O que geraria uma grande instabilidade no país, um caos político, além de um golpe direto na democracia. Os militares, que teria criado esta situação, dela se aproveitariam para se colocarem como estabilizadores, o poder moderador que pensam ter herdado do Império com a Proclamação da República. Naturalmente seria usado este momento de fragilidade institucional para criar um governo militar e mantê-lo a base da força, como foi na ditadura.
Tal evento não ocorreu por falta de maior apoio, do STF, naturalmente, mas também alguns rachas no congresso nacional e, especialmente, pela falta de apoio internacional. Pois foi algo bem planejado, em muitos sentidos preparados por anos, mas que não encontrou um respaldo e uma situação tão favorável. Outro fator que motivou essa falência final foi um engajamento coletivo um pouco menor no bolsonarismo, que, à época, encontrava-se queimado pela péssima gestão do executivo federal na pandemia e também uma alta de preços que tinha tido no começo do ano. Abaixado de maneira artificial e eleitoreira no final, que não deu o resultado esperado. Pois ficou visível que foi feito isso apenas para fins eleitorais, mas que poderia ter feito bem antes.
Tem havido um reaquecimento do bolsonarismo, talvez não exatamente igual ao anterior, mas mantendo muitas de suas formas. E o discurso antidemocrático e anti institucional tem ficado mais forte. O que pode acender as alas mais fortes e dar vazão para um golpe de vez, que busque o enfraquecimento e destruição não apenas de instituições, mas também de postura, de simpatia para as mudanças sociais e intervenções que possam causar tais mudanças. Com tal advento, que trouxe a maior onda neoliberal ao Brasil desde o governo FHC II, estamos vendo novamente o enfraquecimento das políticas sociais e também um maior desprezo pelas instituições. Agora com esta revelação do plano, ainda que tenha sido há um tempinho, mostra o clima e o perigo que rodeia. Usando deste fracasso e contexto, mostrarem força e que ainda pode ser feitas coisas boas ao povo, que verá valor na institucionalidade, passando a enfraquecer o bolsonarismo.
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