Quando o dólar atingiu, no final de 2024, a cotação de R$ 6,18, houve um choque e um sentimento político que foi perpassado para a sociedade brasileira. Havendo ali uma aparente contradição e problema, se uniu com outra questão que é o aumento de preços. Este último, mais especialmente, causado pelo aumento de preços, a inflação. O que reforçou uma imagem negativa do governo Lula nos setores médio e alto da sociedade brasileira. Neste último, há bastante negatividade já desde o começo deste, e de ainda antes em verdade, por se tratar de algo que, em algum nível, seria uma ameaça a vida destes.
Porém, ao mesmo tempo, se colocou muito algumas medidas políticas do governo que teriam gerado um aumento no consumo, no girar da economia e também uma diminuição do desemprego. Empiricamente, se pode observar um aquecimento econômico no segundo semestre de 2024, devido a se ter tido mais vendas em diversos setores, logo gerando mais vendas, mais consumo e uma economia aquecida, que gira mais. O que já é uma antiga política lulopetista, que teve medidas parecidas principalmente nos dois primeiros mandatos de Lula, lá muito ajudado pelo boom das commodities. Ainda que tal contexto econômico tenha sido de grande ajuda para Lula, as políticas que fez na época tinham muito mais a ver com suas disposições políticas e visões do que propriamente apenas o contexto da época.
A economia mudou bastante de lá para cá, se tendo outro contexto e outra situação econômica. Está à economia sem um grande boom, o que lhe diminuiu fortemente a força motriz, ficando apenas em seu estado normal. Os ciclos e formas da economia brasileira são um tanto limitados, sendo ainda muito ligado ao agronegócio e com pouca força significativa no setor industrial, o secundário. O terciário já é um pouco mais forte por causa da organização social dos serviços e das necessidades de organização e venda pelo comércio. Mas independente disso, estamos nestes períodos mornos em que continua a economia já estruturada, porém não há grandes forças ou excepcionalidades.
Quando Bolsonaro era presidente a principal medida econômica foi a austeridade, através das medidas do ministro Paulo Guedes, o que marcou uma diminuição forçada da inflação, já que a população consumia menos e o aquecimento econômico era menor. O que gerou menos inflação, mas acompanhada de uma economia recessiva, com maior depressão econômica. Guardadas as proporções e as diferenças na economia de ambos os países, se assemelha as medidas do governo Milei agora na Argentina, onde também se está em quadro de economia recessiva, junto com o aprofundamento da pobreza no país. O que leva a uma menor inflação, mas uma piora na qualidade de vida da população.
Atuando de maneira contrária agora em seu mandato, Lula está ao contrário fazendo uma série de incentivos para aquecimento da economia. Desde o Desenrola Brasil, para renegociação de dívidas, o que ajudaria a aumentar o consumo, até uma série de ações feitas e postura política que fizesse tal incentivo. Que ficou mais vivo no segundo semestre de 2024. Porém, mais ao final, o que ocorre quando se tem aumento de consumo é que inflaciona. Pois há mais demanda e consumo, permitindo que se aumente o preço. Tal inflação, junto com alguns anúncios de corte de gastos, que quase mexeu no BPC, só não ocorrido por pressão popular, trouxe alguns resultados mais baixos do que se gostaria.
As medidas político econômicas do governo Lula certamente são bem mais fracas do que se poderia ser, ainda muito ligado a narrativa do corte de gastos e pouco aumento do poder do estado como fonte de planejamento e estrutura. Por certo também temos algumas limitações econômicas, já que ainda temos pouca robustez em área industrial e força econômica para aspectos diversos. É uma melhor medida que a austeridade pura e simples, que simplesmente esfria a economia e piora aspectos sociais diversos. Mas ainda há vários elementos de austeridade, especialmente em manter muito forte os cortes. O que torna suas medidas mais limitadas do que deveriam e com um efeito menos duradouro e profundo. Aquecendo momentaneamente a economia, sem maiores reformas estruturais sociais junto. A mudança será apenas possível fazendo uma mudança na dinâmica econômica, não apenas fazendo pequenas ações de aquecimento. Melhor que nada, mas insuficiente.
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