Um dia após a pesquisa Genial/Quaest revelar que a rejeição ao governo Lula alcançou 49%, superando pela primeira vez a aprovação, o presidente decidiu inovar no repertório. Em vez de um discurso conciliador ou de medidas concretas contra a inflação que corrói o poder de compra do brasileiro, Lula foi à horta da Granja do Torto. Com um legume na mão, protagonizou uma cena que já está viralizando nas redes sociais: “A inflação está subindo porque as pessoas estão comprando mais. E aí, os comerciantes aumentam os preços, jogando a inflação pra cima.”
Sim, você não leu errado. Na visão do presidente, o problema da carestia não é fruto das decisões do governo, da gastança descontrolada ou do peso da máquina pública. Nada disso. A culpa é, mais uma vez, “dos outros”.
Enquanto o preço do arroz, do feijão e do tomate parece ganhar superpoderes nos supermercados, Lula segue fiel ao estilo que o consagrou: desviar o foco, apontar dedos e, claro, praticar a boa e velha demagogia. Porque é sempre mais fácil culpar quem está na fila do mercado do que discutir, por exemplo, os efeitos de um governo que continua a despejar bilhões em gastos públicos sem freio.
A pesquisa, realizada entre os dias 23 e 26 de janeiro, já capta o impacto de crises recentes, como a “crise do Pix” e a disparada dos preços de alimentos. O cenário, no entanto, parece não ter abalado a confiança do presidente na sua habilidade de transferir responsabilidades. Lula, que se orgulha de conhecer o “povo como ninguém”, agora acusa esse mesmo povo de consumir demais e inflar os preços.
O silêncio, porém, é ensurdecedor quando o tema são as medidas concretas para enfrentar o problema. Nem uma palavra sobre as políticas fiscais frouxas, nem sobre a gastança pública que pressiona os indicadores econômicos. Afinal, admitir responsabilidade nunca foi o forte do governo.
Entre legumes e discursos desconectados da realidade, o Brasil vai tentando entender como alguém que um dia se apresentou como o “pai dos pobres” agora tenta convencer a população de que consumir é um problema. Resta saber se a próxima pesquisa refletirá mais alguma novidade criativa do presidente.