Nesta terça-feira (11), o presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), Ricardo Cappelli, realizou um evento festivo no Clube do Choro, em Brasília, que atraiu cerca de 1.500 pessoas com entrada gratuita, bebidas e atrações musicais. A celebração, batizada de "Sambão do Cappelli", foi divulgada como uma festa de aniversário, mas gerou desconfiança sobre uma possível campanha antecipada camuflada.
A legislação eleitoral no Brasil é clara: a propaganda eleitoral só pode ser feita dentro do período determinado para as eleições, e ações que envolvem distribuição gratuita de bens ou serviços podem configurar abuso de poder econômico e captação ilícita de votos. No caso do evento promovido por Cappelli, a ausência de informações sobre o financiamento da festa levanta questionamentos sobre a real intenção por trás da comemoração.
O Clube do Choro, tradicional espaço cultural da capital federal, foi o palco escolhido para a festa que reuniu artistas e bandas, garantindo entretenimento de alto nível para os convidados. O detalhe que chamou a atenção foi o acesso livre e os custos bancados por fontes desconhecidas. Embora nenhum material explícito de campanha tenha sido divulgado, o volume de pessoas, a organização e a estrutura levantaram suspeitas entre especialistas e integrantes do meio político.
Segundo a Lei Eleitoral, qualquer ação que se assemelhe à promoção de um pré-candidato antes do período permitido pode ser considerada propaganda antecipada. Se ficar comprovado o uso de recursos públicos ou privados para beneficiar uma eventual candidatura futura, Cappelli pode enfrentar investigações pelo Ministério Público Eleitoral (MPE) e até pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
O episódio reacende o debate sobre os limites entre eventos pessoais e atos políticos em períodos pré-eleitorais. A prática de usar festas, celebrações e eventos culturais como palanque informal não é novidade no Brasil, mas continua sob o crivo da Justiça Eleitoral. Para muitos, o "Sambão do Cappelli" pode ter sido mais do que uma simples comemoração: um movimento estratégico para consolidar um nome antes da largada oficial das eleições.