O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), prorrogou nesta segunda-feira (16) o inquérito das fake news por mais 180 dias. A decisão vem para “complementar apurações” relacionadas ao chamado “gabinete do ódio”, incluindo a determinação de mais 20 depoimentos e análises de dados sigilosos.
Aberto em 2019, o inquérito completou cinco anos em março e, apesar do tempo transcorrido, ainda não chegou a uma conclusão definitiva. O presidente do STF, Luís Roberto Barroso, já adiantou que o processo promete se arrastar pelo menos até o fim de 2025, diante da “multiplicação de fatos relacionados à investigação”.
Segundo o STF, o novo prazo estipulado por Moraes tem como objetivo finalizar as investigações sobre a existência, o financiamento e o funcionamento do “gabinete do ódio”, estrutura acusada de operar ataques e disseminar fake news a partir do Palácio do Planalto durante o governo de Jair Bolsonaro (PL). Entre as ações previstas estão a oitiva de 20 pessoas, a análise de informações fiscais e bancárias obtidas por meio de quebras de sigilo e a conclusão de diligências em andamento pela Polícia Federal.
O “gabinete do ódio” é descrito como uma operação estratégica para impulsionar desinformação e ataques direcionados a opositores políticos e instituições, mas cinco anos depois, o mistério sobre seus operadores e financiadores ainda persiste. Com isso, o inquérito segue acumulando prorrogações — para desespero de uns e alívio de outros.
Críticos questionam a longevidade e a eficácia da investigação, que desde 2019 tem sido alvo de debates acalorados, especialmente no contexto de liberdade de expressão e limites institucionais. “Não é possível que uma investigação como essa leve tanto tempo. É preciso avançar ou encerrar, porque um inquérito que não acaba se transforma em uma espada permanente sobre a sociedade”, comentou um advogado especialista em direito constitucional que prefere não se identificar.
O prolongamento da apuração também reacendeu debates sobre o papel do STF e de Alexandre de Moraes, frequentemente descrito como uma figura central e polarizadora no combate às fake news. De um lado, aliados da corte defendem a necessidade de dar um ponto final ao que consideram ser uma ameaça à democracia; de outro, críticos apontam excessos e demora injustificada no processo.
A única certeza, no entanto, é que o inquérito — assim como as fake news que ele tenta desmantelar — continua sendo um terreno fértil para controvérsias e debates intermináveis. Resta saber se, ao final de 2025, teremos mais respostas ou apenas novas perguntas.