Após 25 anos de negociações, os blocos Mercosul e União Europeia anunciaram nesta sexta-feira (6), em Montevidéu, a conclusão dos termos de um aguardado acordo de livre comércio. A novidade foi oficializada durante a 65ª Cúpula de Chefes de Estado do Mercosul, que contou com a presença de líderes como Luiz Inácio Lula da Silva (Brasil), Javier Milei (Argentina), Luis Lacalle Pou (Uruguai) e Santiago Peña (Paraguai), além da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen. O pacto abrange 31 países e promete facilitar o comércio e investimentos em uma região que representa mais de 750 milhões de pessoas.
O acordo prevê a redução de barreiras tarifárias e a criação de condições mais favoráveis para exportações, além de incluir compromissos ambientais. Segundo von der Leyen, a parceria é também uma "necessidade política" diante de um cenário global cada vez mais fragmentado. Embora o texto esteja concluído, a entrada em vigor depende de procedimentos formais, como revisão legal, tradução para línguas oficiais dos blocos, aprovação nos parlamentos nacionais e ratificação por ambas as partes.
A União Europeia, segundo maior parceiro comercial do Brasil, movimentou aproximadamente US$ 92 bilhões em trocas comerciais com o país em 2023. Para o governo brasileiro, o acordo pode diversificar mercados, modernizar o setor industrial e alavancar a economia nacional. Estimativas apontam que, até 2044, o impacto econômico do pacto será significativo: incremento de 0,34% no PIB, aumento de 2,65% nas exportações e redução de preços ao consumidor em 0,56%.
A conclusão do acordo marca uma vitória diplomática para o governo Lula, que vinha priorizando a política externa para resgatar o protagonismo do Brasil no cenário internacional. O presidente destacou o momento como um marco para o fortalecimento das relações entre os continentes. Apesar disso, há resistência por parte de setores agrícolas europeus, que temem a concorrência de produtos sul-americanos. Von der Leyen garantiu que salvaguardas robustas estão incluídas no texto para proteger esses segmentos.
Além do impacto econômico, o pacto promete integrar compromissos ambientais, como o combate ao desmatamento e a preservação da Amazônia. A Comissão Europeia ressaltou que as ações de conservação lideradas pelo Brasil são essenciais, mas precisam de uma responsabilidade compartilhada entre todas as nações. Embora os trâmites para a ratificação possam levar anos, o acordo simboliza um passo estratégico para reforçar as relações entre Mercosul e União Europeia, apontando para um futuro de cooperação e prosperidade mútua.