O Boletim Focus, divulgado nesta segunda-feira (2) pelo Banco Central, elevou a projeção da inflação oficial do país (IPCA) de 4,63% para 4,71% em 2024, superando o teto da meta de 4,5% estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Para os anos seguintes, o mercado estima IPCA de 4,4% em 2025, 3,81% em 2026 e 3,5% em 2027. A meta contínua, que entra em vigor em 2025, estabelece um centro de 3%, com tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos, buscando maior estabilidade para a economia.
A pressão inflacionária tem levado o Comitê de Política Monetária (Copom) a adotar uma postura mais contracionista em relação à taxa básica de juros. Após um ciclo de cortes que reduziu a Selic de 13,75% para 10,5% ao ano, o colegiado retomou os aumentos em setembro, atualmente situando a taxa em 11,25%. A expectativa é que a Selic encerre 2024 em 11,75% e alcance 12,63% em 2025, antes de iniciar uma trajetória de queda gradual nos anos seguintes.
A alta dos juros reflete a tentativa de controlar a demanda e conter a inflação, encarecendo o crédito e estimulando a poupança. No entanto, essa estratégia também apresenta desafios para a economia. Apesar do crescimento robusto de 3,22% esperado para o PIB em 2024, as projeções apontam expansão mais modesta de 1,95% em 2025 e 2% em 2026 e 2027. Em 2023, o PIB registrou alta de 2,9%, superando expectativas e atingindo um total de R$ 10,9 trilhões.
Além da inflação e da Selic, o mercado financeiro está atento à cotação do dólar, que deve fechar 2024 em R$ 5,70. Para 2025, a previsão é de R$ 5,60. Combinados, esses indicadores mostram um cenário desafiador para o Banco Central, que precisa equilibrar o controle inflacionário com a retomada do crescimento sustentável e a manutenção da estabilidade econômica.