Jornal da 2CNews

Sexta-feira, 18 de Abril de 2025
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Justiça

Fux pede vista e adia julgamento de Débora Rodrigues, mas a injustiça já está feita

Acusada de pichar frase icônica na estátua "A Justiça", mulher enfrenta pedido de 14 anos de prisão enquanto STF exibe seletividade escancarada

Claudio Campos
Por Claudio Campos
Fux pede vista e adia julgamento de Débora Rodrigues, mas a injustiça já está feita
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O ministro Luiz Fux pede vista e adia julgamento de Débora Rodrigues dos Santos, acusada de pichar "Perdeu, mané" na estátua "A Justiça" durante os atos de 8 de janeiro de 2023. Mas a questão que não quer calar é: se a frase fosse outra, a pena seria a mesma? O Supremo Tribunal Federal parece cada vez mais disposto a julgar não só os atos, mas as ideias, e o que deveria ser justiça vira pura politicagem.
 
O Supremo Tribunal Federal, que deveria ser o guardião da Constituição e da democracia, mais uma vez mostra que pesa a mão quando quer – e, principalmente, contra quem quer. A recente suspensão do julgamento de Débora Rodrigues dos Santos, decidida pelo ministro Luiz Fux, não apaga a brutalidade da pena sugerida pelo relator do caso, Alexandre de Moraes: 14 anos de prisão por uma pichação. Isso mesmo, 14 anos. Para efeito de comparação, homicidas condenados chegam a pegar penas menores.

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Débora, claro, não pichou qualquer coisa. A frase que ela escreveu na estátua em frente ao STF – "Perdeu, mané" – foi dita pelo próprio ministro Luís Roberto Barroso a um manifestante bolsonarista em Nova York, em 2022. No Brasil de hoje, o que você escreve define sua pena. E se Débora tivesse escrito "Fora, Bolsonaro"? Será que a reação do Supremo seria a mesma? Será que estaríamos falando de mais de uma década de prisão ou, quem sabe, de uma bela condecoração na "luta pela democracia"?
 
O relator Alexandre de Moraes e o ministro Flávio Dino, que seguiu o voto do colega, não hesitaram em pedir a condenação pesada, ignorando qualquer proporcionalidade. Isso não é justiça. Isso é perseguição travestida de legalidade, um teatro para justificar a arbitrariedade. O julgamento acontecia no plenário virtual, sem direito a grandes debates públicos ou à transparência que um caso como esse exige.
O pedido de vista de Luiz Fux suspende momentaneamente a decisão, mas o estrago já está feito. O STF, mais uma vez, usa o peso da toga para esmagar desafetos políticos e garantir que a narrativa oficial permaneça intacta. Enquanto isso, casos de corrupção, desvio de verbas e crimes de colarinho branco seguem a passos lentos, com réus ilustres desfilando livres por Brasília.
 
A justiça deveria ser cega, mas no Brasil ela enxerga muito bem. E, pelo visto, escolhe quem punir de acordo com a conveniência.

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