O mercado financeiro brasileiro viveu um dia de nervos à flor da pele nesta segunda-feira (23), com o dólar comercial encerrando cotado a R$ 6,186 – uma alta de 1,87%. A bolsa também não teve sorte, recuando mais de 1% e atingindo o menor nível em mais de seis meses, fechando aos 120.767 pontos. Em um cenário de pouca liquidez interna e incertezas globais, a incapacidade do governo Lula de estabilizar a economia começa a gerar críticas mais intensas.
O dólar passou o dia em alta, chegando à marca simbólica de R$ 6,20 durante a tarde. Enquanto isso, o Banco Central optou por observar de longe, sem realizar intervenções cambiais como vinha fazendo nos últimos dias. Após o fechamento dos mercados, a autoridade monetária anunciou um leilão de US$ 3 bilhões na quinta-feira (26) – um esforço tímido que só será possível à custa das reservas internacionais, sem recompras futuras.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que já havia afirmado estar atento à situação cambial, até agora não apresentou soluções que convençam o mercado. A falta de controle no câmbio reflete não apenas os desafios internos, mas também o impacto do cenário internacional, com a divulgação do comunicado do Federal Reserve (Fed) apontando um endurecimento da política monetária nos Estados Unidos.
Além disso, como já é tradição no fim de trimestre, as multinacionais têm remetido lucros ao exterior, pressionando ainda mais a moeda brasileira. Para piorar, o Boletim Focus, divulgado hoje, trouxe previsões pessimistas: inflação e juros devem subir ainda mais em 2025, elevando o clima de insegurança entre investidores.
A queda da bolsa brasileira também acompanha o desânimo generalizado. Com o recesso parlamentar e poucos dias úteis nesta semana, o volume de negociações foi baixo. Ainda assim, a percepção de falta de gestão eficaz por parte do governo federal pesou sobre o mercado, que já vinha lidando com as dificuldades do cenário global.
Se o governo Lula e Haddad não encontrarem formas mais assertivas de reagir, o dólar nas alturas e a fragilidade da bolsa podem ser apenas o começo de uma crise econômica que vai além das páginas dos jornais, afetando diretamente o bolso dos brasileiros.