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Sexta-feira, 17 de Janeiro de 2025

Política

Consórcio Nordeste apoia decreto federal sobre uso da força, mas Sul e Sudeste reagem com críticas

Governadores nordestinos defendem medida federal, enquanto estados do Sul e Sudeste apontam desrespeito às realidades locais

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Por Jornal 2CNews
Consórcio Nordeste apoia decreto federal sobre uso da força, mas Sul e Sudeste reagem com críticas
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Enquanto governadores e parlamentares do Sul e Sudeste engrossam o coro de críticas ao decreto 12.432/2024, que regulamenta o uso da força pelas polícias estaduais, o Consórcio Nordeste decidiu remar na direção oposta. Em nota oficial divulgada neste domingo (29), o grupo de governadores nordestinos saiu em defesa da medida publicada pelo governo federal, argumentando que a norma “não interfere na autonomia dos estados” e reforça o “princípio da preservação da vida”.

A posição, contudo, vai na contramão do que acreditam governadores de outras regiões, que acusam o governo federal de ignorar as especificidades locais e impor regras de cima para baixo. Para a vice-governadora do Distrito Federal, Celina Leão (PP), a medida foi implementada sem diálogo suficiente. “Como o governo federal pode publicar um decreto sobre como as nossas polícias estaduais devem trabalhar sem conhecer as realidades de cada estado? Isso, no mínimo, é um desrespeito”, disse Celina em vídeo nas redes sociais.

O Consórcio Nordeste, por sua vez, aplaudiu a iniciativa do governo Lula e reafirmou que as forças de segurança da região já seguem práticas alinhadas ao decreto, incluindo o uso da força letal apenas como último recurso. Segundo o comunicado, o texto federal "reafirma a centralidade da prudência, do equilíbrio e do bom senso no exercício da atividade policial". No entanto, críticos apontam que a realidade do Nordeste, com índices alarmantes de bandidagem e violência, exige medidas mais incisivas e menos doutrinárias.

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Violência e discurso político

A nota oficial do Consórcio Nordeste, embora tecnicamente alinhada a princípios internacionais de segurança pública, gerou desconforto entre líderes do Sul e do Sudeste, que enxergam no posicionamento nordestino uma tentativa de agradar ao governo federal, ignorando os desafios práticos enfrentados pela segurança pública no país. “Falar sobre nós sem nós e falar sobre policiais sem a presença do Fórum dos Secretários de Segurança Pública do Brasil é inaceitável”, criticou Celina Leão.

Os opositores argumentam que o decreto, ao tentar padronizar práticas policiais em um país continental, desconsidera as particularidades de cada região. Em estados como São Paulo e Paraná, governadores apontam que regras genéricas podem enfraquecer o combate à criminalidade organizada. Já no Nordeste, onde o alinhamento político com o Planalto é notório, o apoio ao decreto é visto por críticos como um ato de demagogia irresponsável.

O fato é que, enquanto a população nordestina convive com o medo diário provocado pelo avanço da bandidagem, governadores parecem mais preocupados em demonstrar fidelidade política do que em enfrentar a realidade. A violência crescente não será combatida apenas com diretrizes elegantes em papel timbrado; são necessárias ações efetivas, planejadas a partir das especificidades locais.

A medida reacendeu o debate sobre a autonomia dos estados e a necessidade de um pacto federativo mais justo, que leve em conta as complexidades regionais. Enquanto isso, a população, já saturada com o aumento da criminalidade, continua esperando por soluções reais, e não por discursos que parecem desconectados da vida real.

FONTE/CRÉDITOS: Agência 2CNews

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