Uma manhã
Estava tomando uma xícara de café
"Você é mais amargo do que eu"
"E nem é do jeito bom"
Disse o café
"Você é desinteressante"
"Até as pessoas buscam-me avidamente"
"Porque eu possuo minha personalidade"
"Ser amargo me torna um destaque"
Novamente disse o café
Eu tremia enquanto fumava meu cigarro
O cigarro ria de mim
Isso ficou em minha memória
Como assim, desinteressante e sem graça?
Foi um choque ouvir isso
Será isso a causa de todo o infortúnio aparente?
"Todo mundo tem o amor que merece"
Disse alguém tão importante
Todo mundo tem o mundo que merece
Todo mundo tem o amargor que merece
Isso fica na cabeça.. Parece um filme que nunca acaba
Esse ciclo me faz pensar em que estou errando
Por que todos vão embora?
Por que eu sempre estou para trás?
Eu me esforço tanto tanto tanto
Mas o negro do café aparenta mais brilho
Do que meus olhos ávidos pela curiosidade mundo afora
Uma proposta, Uma jogada fora
Uma bola fora, fora dos campos do café
Fora dos ciclos do fumo
Evidenciados nas redes sociais
Eu não sirvo mais para nada aos olhos de ninguém
Aos pássaros que conseguem voar
Mas foda-se
Não nasci para agradar ao café
Ao cigarro
Às pessoas estúpidas da sociedade
Aos pássaros que buscam seus ninhos
Eu só quero me encontrar
E ser interessante para mim mesma
Nas redes sociais dizem que o interessante
É quem tem mais pra evidenciar em suas experiências
E quem é mais lento, esses devem ver enforcados
Mas foda-se
Meu tempo é meu tempo
Não sou máquina do tempo para agilizar o que deve ter seu momento
O espaço sincroniza-se com a vida individual de cada ser
E esse passo deve ser o mais importante
Cansei de tudo
Até da pressa
A eterna inimiga
De toda e qualquer perfeição
A perfeição sou eu
Em todas as minhas imperfeições
E, já disse,
Foda-se
O resto.
Fonte/Créditos: Lui Bispo
Créditos (Imagem de capa): Lui Bispo
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